Aprovado no Canadá e agora na União Europeia, o tratamento
do HIV com antirretrovirais injetáveis de longa duração obteve a mesma
eficácia terapêutica do que o esquema clássico, que utiliza comprimidos
diários, revelou o médico infectologista e colunista do Uol Rico Vasconcelos. A
vantagem do novo sistema é o paciente não precisar tomar medicamentos
diariamente.
Os dois antirretrovirais utilizados nesse novo esquema são
o Cabotegravir e a Rilpivirina, drogas que devem ser administradas
por via intramuscular a cada um ou dois meses para que sejam mantidos
seus níveis terapêuticos entre as injeções. A nova proposta foi avaliada em uma
série de ensaios clínicos que compararam a sua eficácia terapêutica com a do
esquema clássico, que utiliza comprimidos diários.
Segundo Rico Vasconcelos, a decisão da União Europeia é “um marco na história do tratamento do HIV/Aids e inaugura uma nova era na vida das pessoas que vivem com esse vírus. Uma vida sem comprimidos”. Até que uma cura tenha sido desenvolvida e esteja disponível, “a melhor proposta de saúde para uma pessoa que vive com HIV é manter sua carga viral indetectável com o uso de antirretrovirais”, aponta o médico, que é coordenador do ambulatório especializado em HIV do Hospital das Clínicas da USP.
Nesse caso, a diversificação das opções terapêuticas é
um excelente caminho para adaptar o tratamento aos diferentes contextos de vida.
“Comprimidos podem ser uma boa opção para alguns, assim como injeções podem ser
para outros. Só não podemos achar que todas as pessoas são iguais e nem
desconsiderar as peculiaridades de cada um”, salienta Vasconcelos.
O principal efeito colateral do esquema foi a dor no local
das injeções, relatada por 83% dos participantes que as receberam. Em 99% das
vezes, a dor foi classificada como leve ou moderada, durando em média 3 dias.
Apenas 1% dos participantes que reportaram esse sintoma optou, por causa dele,
por interromper o tratamento injetável.
Segundo Vasconcelos, mesmo com essas reações relacionadas
com as injeções, ao fim de um ano de acompanhamento, 86% dos participantes
continuavam preferindo esse esquema ao com comprimidos diários, demonstrando
sua elevada aceitabilidade.
O médico critica a ausência do País nesse esquema. “No
Brasil, não existe ainda a discussão da incorporação dessa tecnologia. Para que
isso se torne um dia uma realidade aqui, além do registro da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), precisaríamos também de uma análise da
operacionalização do uso da terapia antirretroviral injetável no nosso sistema
público de saúde, inclusive com a avaliação de custo-efetividade”, diz,
lembrando que a decisão europeia é “um passo importante e que pressiona o
Ministério da Saúde a começar a pensar nesse assunto”.
Fonte: https://ictq.com.br/farmacia-clinica/2500-tratamento-injetavel-de-longa-duracao-para-hiv-mantem-virus-indetectavel
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